Hoje recebi de duas fontes distintas uma informação bizarra: abriu-se um sex shop gospel que vende produtos abençoados um a um por meio da oração do casal de proprietários. Acho lamentável o tino comercial do povo crente, que encontra um filão para ganhar dinheiro e ainda turbina seu negócio com um marketing espiritual cada vez mais bizarro. Pior ainda é a multidão gospel, afoita por novidades, que adere sem nem mesmo pensar no assunto com um mínimo de seriedade.
Não que eu tenha algo específico contra os sex shops. Eu simplesmente não sou consumidor de pornografia, mas conhecendo o mundo como vai, deve ser um negócio lucrativo. O que me espanta é a esperteza de se usar um rótulo evangélico e atingir um público totalmente alheio a qualquer bom-senso, que além de aderir à bobagem ainda fala mal do “ímpio” (nem tão ímpio assim), que freqüenta sex shops “não cristãos”. Afinal: “todos os nossos produtos foram abençoados e toda a maldição foi quebrada”! Dá vontade de mandar pra lá, não?
Que cristianismo é esse? Que droga é essa que estão dando para esses crentes que faz com que eles engulam tanta besteira com tamanha facilidade? É sex shop gospel, é pastor que dá testemunho que teve relações íntimas com demônios, é irmão que visitou o inferno e viu o diabo posando de carcereiro, é pastor preocupado em emburrecer as ovelhas para que elas continuem a prover o luxo de seu sustento. Que droga de evangelho é esse? Sou cristão, mas vendo essa porcaria que estão pregando por ai me sinto obrigado a concordar com Karl Marx... “a religião é o ópio do povo”. Aliás, tomo a liberdade de discordar somente na droga: a religião é o chá de trombeta do povo. Quem já tomou sabe do que estou falando.
Então, levantam-se do outro lado, empunhando a bandeira da santidade, os moralistas. Cristãos tradicionais, cheio de leis morais e regras de conduta, levantando a voz contra o cisco no olho do outro e em seu próprio tem dez traves. Grande parte envolvida em pecados ocultos, adultérios, mentiras, falsidades, falta de amor, politicagem religiosa e amor ao dinheiro. Basta se aproximar um pouco desses para que a verdade seja revelada. Então perdem a moral, pois as Boas-Novas não foram suficientes para transformá-los em pessoas semelhantes a Jesus, mas em pessoas como os fariseus. Cheios de aparência, sem nenhum conteúdo; ou pior, com conteúdo: carniça! Não sei qual postura dá mais nojo.
Então o mundo assiste de camarote essa demência coletiva que se tornou o cristianismo “gospelizado”. Somos escárnio, motivo de chacota em programas humorísticos, de piada em roda de amigos. E tudo com plena razão. De um modo geral os cristãos estão se tornando um bando de alienados, massa de manobras de pessoas mal-intencionadas, de empresários prá lá de espertos, de pastores que comem exclusivamente carne de ovelhas. E tudo isso com o rótulo gospel, abençoado pelas orações, e com um toque de missão evangelística. Acordem tolos, antes que seja tarde! Olhem para Jesus, para a sua obra, sua vida. Para a vida dos apóstolos. É tão difícil perceber que tem algo errado?
Esse desabafo eu termino com um lamento: se hoje eu não conhecesse Jesus e o evangelho, NUNCA, NUNCA me tornaria cristão pelo testemunho público da igreja. Preferiria zelar pela minha sanidade mental.
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