sexta-feira, 24 de junho de 2011







  "Uma longa disputa, significa que ambas as partes estão erradas."
(Voltaire in. CURY, Fernanda. A vida e o pensamento de Voltaire. Minuano Cultural, p. 8)


       Não é preciso saber muito sobre Voltaire para chegar à conclusão de que o mesmo escrevia e agia, muitas vezes, de maneira à atender os seus interesses individuais, ainda que o mesmo discursasse de maneira à prezar pelo coletivo. Mas, mesmo sabendo dessas imperfeições, é inegável a relevância e a sabedoria de muitas das falas deste grande poeta, dramaturgo e filósofo do século XVIII.  Gostaria de deixar aqui minha sugestão frente à um auto-exame que tenho feito frente à atenção que dou à determinadas discussões, muitas vezes desnecessárias.
  
     O que toca o meu espírito na fala de Voltaire, somada com a imagem acima que representa uma disputa desigual, é perceber que inúmeras vezes nós, que nos esforçamos para concebermos uma leitura de mundo mais honesta intelectuamente e também em essência prática, acabamos por nos contradizer quando fazemos usufruto dos conhecimentos adquiridos para debulharmos alguém em uma acalorada discussão, que talvez não tenha tido ás mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento que nós tivemos. Deste modo, nos fazemos tão tolos quanto aquele que  insiste veementemente em um debate sem estar disposto a pensar de maneira humilde, respeitando e considerando a possibilidade do outro estar certo em seus argumentos.

    Não jogar pérolas aos porcos é também uma atitude de amor. Considerar que todos estamos na condição de porcos, em distintas situações, também deve ser uma.


Fonte: http://dennisportell.blogspot.com/2011/06/sabendo-hora-de-parar.html

terça-feira, 21 de junho de 2011

A Voz do Paradoxo



O paradoxo entre fé e razão
Entre a dúvida e a certeza
Entre o amor e a ilusão
Que destoa minha tristeza

Não é mais do que a busca
Intrinseca em entender o que é o amor
Em entender o que é a entrega
Abrir mão do meu querer

Em meio aos meus sonhos surge a voz
Que interrompe o meu sono
Me desperta para o dia
Mais um dia surreal

Voz de alguém que se levantou
Enquanto muitos  se deitavam
Voz de alguém que trabalhou
Quando outros descansaram
Voz de alguém que abraçou
Mesmo a quem a desprezasse

Bastará meu despertar?
Tirar os meus pés da cama, terá algum proveito?
Se não for pra entender
O que é esse entregar
Eu prefiro me ajeitar
De novo em meu travesseiro

sábado, 4 de junho de 2011

Sexo e cristianismo

Quebro esse período de afastamento do blog para escrever sobre esse tema que surgiu no grupo Igrejas Alternativas do Facebook. Como troll moderado que sou, acho que a brincadeira, se bem direcionada gera amizades e descobre afinidades. Logo uso o grupo para me divertir e manter contato com amigos, tem sido ótimo! No entanto para escrever algo sério o espaço do Face foi pouco...

Sexo e afetividade
Acredito em um Deus generoso que nos presenteia com prazeres que dão cor a nossa existência. O sexo é um deles. Entretanto, parece que o uso desses prazeres de forma desenfreada e sem direção traz dano ao corpo e alma do ser humano. A minha impressão é que cada prazer está associado e uma necessidade física, mental ou emocional. O prazer sexual está ligado a necessidade de afetividade, assim como o paladar a necessidade de alimentar ao corpo. Já ouvi relatos de adeptos do sexo casual e segundo eles o maior prazer não é o coito, mas a sensação de ser querido, desejado e dominar o sexo oposto.

Observando pessoas envolvidas em um meio onde o sexo casual é aceito e às vezes incentivado, a impressão é que existe uma necessidade de aumentar a dose de extravagância para atingir o mesmo nível de satisfação. Incluo também pessoas adeptas a pornografia, que a cada dia buscam imagens mais radicais. Alguns perdem emprego, família e às vezes, a dignidade.

Portanto, me parece que o sexo que faz bem é o proporciona não apenas o prazer sensual (dos sentidos), mas também o prazer afetivo. Todo o ser humano, independente da fé, necessita ser amado e ter um relacionamento especial com o sexo oposto. Se você não tem interesse em meditar sobre Deus, seu caráter; sobre a vida de Jesus, pode para por aqui e tenha uma vida feliz!

Sexo e cristianismo
Ao falar sobre sexo e cristianismo a abordagem muda de foco. A ótica não é mais centrada somente no ser humano e em como usar o prazer sexual para uma vida sadia, mas em entender o que Deus tenta comunicar com o prazer e a privação do mesmo. Uma das marcas populares do cristianismo são suas leis, que impedem o pleno aproveitamento dos prazeres disponíveis. Por quê? Acredito que uma parte dos cristãos obedece sem meditar seriamente no motivo, outra parte desobedece e diz que obedece e outra parte tenta mudar as leis para que se adéquem ao seu estilo de vida.

Não tenho a intenção de exaurir o assunto ou trazer a plena verdade, mas desejo compartilhar uma meditação. Ao estudarmos os ensinos de Jesus expressos nos evangelhos, poucos deles nos trazem satisfação natural. Quem está cheio de vontade de amar o inimigo? Quem se alegra em dar a outra face ao ser ferido ou humilhado? Quem se satisfaz em dar esmola a todo aquele que pede? E ainda: quem está ansioso para assumir uma relação com outra pessoa até que a morte os separe, e ainda ter nessa pessoa sua única fonte de prazer sexual?

Qual é a intenção de Deus, que nos presenteia com prazeres sublimes e coloca regras para usufruí-los? Acredito que esse é o centro da questão. Se olharmos apenas pela ótica humana e natural, não faz sentido. Líderes tentam mostrar as vantagens da santidade e os castigos que recebem os que não a seguem. Balela! Uma pessoa que nunca se preocupou com o evangelho, teve uma vida focada em sua satisfação pessoal, manteve vários parceiros sexuais, pode morrer velha, rica e feliz, enquanto um crente fiel pode fazer uma transfusão de sangue, pegar AIDS e morrer com a doença que dizem que é castigo de Deus para os chamados imorais. Qual o benefício nisso?

Outra explicação comum é a vida eterna. Oh, delícia, receber após a morte um galardão, que ninguém sabe de fato o que significa e morar no paraíso. Por isso sim, vale a pena negar os prazeres, pois estou de olho na recompensa futura e quando lá chegar irei tripudiar dos infiéis que se esbaldaram em seus prazeres. É isso? Se essa for a única motivação estamos falando de um negócio: não uso disso, para depois usar daquilo. Também não explica o fato de Deus, em sua infinita sabedoria, graça e amor, ter feito os prazeres para se tornar nossa pedra de tropeço.

O ponto central que vejo nos ensinos de Cristo é que Ele ensina aquilo que viveu. Ele amou os inimigos, deu a outra face, deu esmolas, atendeu a todos os pedintes, obedeceu ao Pai em tudo, foi humilde podendo ser arrogante, foi servo podendo ser rei, foi pobre podendo ser rico, deixou toda sua fortuna (um valor inestimável) e veio viver conosco; como homem. Chega a beirar o absurdo! Vamos pensar: haveria prazer em Cristo se descesse da cruz quando fustigado a fazê-lo? Decerto que sim. Haveria satisfação em dominar os hipócritas, vencer os exércitos e tomar o governo a força? Inevitavelmente! Ou não? Uma coisa é certa: se haveria prazer e Ele não fez, podendo fazer, não se parece comigo, pois eu faria. Se não haveria prazer em fazer, se parece menos ainda comigo, pois eu acho que seria um prazer imensurável dar uma lição nos hipócritas e em Roma.

Não seriam então os ensinos de Cristo focados em nos fazer como Ele e o Pai e não na negação dos prazeres para recebermos recompensas? Uma mudança sutil? Não creio. E se para sermos transformados necessitamos possuir uma minúscula amostra do poder do Pai, para que negando seu uso possamos ser transformados a semelhança daquele que nos criou, que pode tudo e não o faz? O foco então é SER como Ele, não TER algo Dele. Loucura?

Pode homens e mulheres comuns desejarem ser como Deus? Adquirir seu caráter, se parecer com Ele? Qual o preço disso? Tenho para mim esse é o centro do evangelho, isso me motiva a continuar admirando Deus, Jesus, o Espírito. Enxergar seu caráter, sua vida, sua natureza, nas palavras escritas, santificadas ou não, nos livros, nas pregações. Porções de Deus ministradas por pessoas imperfeitas como você e eu. Que em um momento, no monte são instrumentos vivos do Espírito e na sequência pedra de tropeço para o mestre e instrumento de satanáz.

Ao pensar em Deus, seu caráter e natureza, não tenho nenhuma dúvida de que Ele é homem de apenas uma mulher, fiel e capaz de se entregar por ela. Para mim, tenho provas suficientes de seu amor, aceitação, perdão e fidelidade. Ele aguarda sua noiva e irá desposá-la, enquanto isso permanece santo, independente da postura de sua amada. Poderia simplesmente destruir tudo, separar-se da criação e arrumar outra. Ou mesmo fazer outra, agora perfeita, sem repetir os erros da primeira, e adulterar com ela.

Portanto, com todas as minhas forças, quero ser como Ele: fiel, perdoador, homem de uma única mulher, que zela e cuida sendo capaz de morrer pela amada sem titubear. Encontrar no sexo mais do que um prazer sensual ou uma ligação afetiva, mas a celebração de uma aliança, de uma união que só a morte pode separar. Acredito que todos que confessam o nome de Cristo devem levar essa marca. Vejo que as palavras de Jesus sobre o assunto, retratadas por Matheus, Marcos e Lucas, bem como a inspiração de Paulo ao escrever sobre o tema refletem esse caráter, essa inspiração divina.

Para finalizar, no dia 18 de junho deste ano celebro 17 anos de casamento, e agradeço ao meu bom Deus que permitiu que eu casasse com esse desejo, de ser como Ele. Por isso hoje posso celebrar com minha esposa e filhos, como família.