sexta-feira, 25 de dezembro de 2009





Em meio a uma série de denúncias de intolerância religiosa, a Praia de Copacabana servirá de altar para um casamento entre uma umbandista e um evangélico num culto ecumênico unindo características das duas religiões.

O evento vai acontecer no dia 29 de dezembro, que foi oficializado pela prefeitura como a data da comemoração antecipada de Yemanjá. É que embora a oficial seja 2 de Fevereiro, no Rio tradicionalmente era reverenciada na noite de 31 de dezembro, prática que foi diminuindo com o crescimento da festa de Réveillon na orla carioca.


“Será o primeiro realizado na praia com uma união inter-religiosa. O casamento vai ser antecipado com uma carreata que parte do Mercadão de Madureira no meio da tarde percorrendo vários bairros até Copacabana. Esse é o sétimo ano que a festa de Yemanjá é realizada no dia 29″ – revela Sheila Reis – integrante do departamento de Marketing do Mercadão que está comemorando 50 anos de fundação.


Fonte: RSZD [via PAVABLOG e ADIBERJ]

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Nos dias de hoje...


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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Jesus no evangelismo


Na estória anterior deixamos Jesus cultuando o Pai em uma roda com pessoas de má índole na Rodoviária do Plano (veja em: http://filhoimperfeito.blogspot.com/2009/09/encontro-inusitado.html). Lá estava Ele, conversando com desocupados, alguns aparentemente bêbados quando chega um jovem com folhetos na mão:

- Boa tarde, posso dizer algumas palavras para vocês? – o rapaz chega tímido, estendendo a mão com um folheto em direção a Jesus.

- Boa tarde. – alguns respondem, enquanto outros começam uma conversa paralela. Jesus pega o folheto e passa para um homem ao seu lado.

- Você poderia deixar alguns desses folhetos conosco? – pergunta Jesus olhando o jovem visivelmente constrangido. – Você está com vergonha?

- Nããããããooo, eu não tenho vergonha da Palavra. Na bíblia diz que aquele que se envergonhar de Jesus diante dos homens, Ele vai se envergonhar dele diante do Pai. Eu não tenho vergonha do evangelho, por isso que saio evangelizando. – A conversa paralela aumenta, mas Jesus e 2 outros se detêm no rapaz, ainda mais constrangido ela pergunta de Jesus.

- Ah... me pareceu que você estava envergonhado. Não digo que do evangelho, mas da tarefa de abordar desconhecidos para entregar folhetos. Tudo bem... – Jesus olha fundo nos olhos do moço que desvia o olhar para o chão.

- De forma alguma senhor... é uma honra proclamar as Boas-Novas! – o rapaz continua de cabeça baixa pensando em como sair da situação constrangedora com aquele estranho.

- Que bom! É sempre gratificante encontrar alguém interessado em falar sobre as Boas-Novas do Reino. Acredito que nem todos aqui estão interessados, mas como pode ver, eu e esses 2 colegas estamos prontos para receber as novidades que você tem. Diga lá, quais as Boas-Novas? – Jesus fecha uma roda com ele, os outros 2 colegas maltrapilhos e o jovem recém chegado.

- Ééééééé, entãoooo... tá no folheto ai. Jesus morreu por todos nós para a gente ir morar com Ele no céu. Entãooooo... ai no folheto tem os detalhes, horários de culto. Se vocês puderem vão lá à igreja. Hoje mesmo tem culto da prosperidade lá. – Jesus estende a mão para receber o folheto, pois o jovem ainda não havia entregado. Nesse momento um dos colegas, até o momento calado se pronuncia.

- Pô irmão, eu sou crente sabe? Eu era da Igreja Pentecostal dos Milagres de Jesus, não tô indo, mas oro em casa, leio a bíblia sabe? Sou crente! Você tem uma ajuda ai pra me dar? To precisando muito de comer... e ai mais tarde eu vou lá para o culto.

- A minha igreja é a Igreja Internacional do Reinado do Pai, essa ai que você disse eu conheço, mas lá na nossa igreja Deus se manifesta MESMO. Se você for lá Deus vai te abençoar e tirar você dessa situação de miséria. – o rapaz se anima com o interesse do maltrapilho.

- Mas e ai, tem uma ajudinha? – ele faz uma cara de dó e coloca a mão sobre a barriga mostrando com os gestos que a fome estava grande.

- Não tenho... – antes de acabar a frase o outro retruca:

- Ué, se não funciona nem para você, eu vou lá fazer o que??? Não tem nem um trocado ai irmão?– o maltrapilho levanta a voz e se aproxima do rapaz. Jesus intervém encostando levemente a mão no peito do homem:

- Calma, fique tranquilo, eu mesmo não tenho onde reclinar minha cabeça... – o rapaz interrompe rapidamente, vendo a oportunidade de “falar sobre o Reino”:

- Então moço você tem que ir lá na igreja. Vai começar uma campanha lá de 7,77 semanas onde todos vão receber a unção de prosperidade nacional. Ai você sai da pindaíba. Paulo mesmo disse na bíblia: “Deus te chamou para ser cabeça e não cauda”!!! – Jesus olha surpreso com essa argumentação e o versículo atribuído a Paulo.

- Paulo disse isso? – olhar de Jesus não deixa o rapaz.

- Ééééé, Paulo da Bíblia, o senhor não conhece ele, mas lá na igreja o apóstolo prega, ora e as coisas acontecem. Esses dias o apóstolo comprou uma casa no Lago Sul sem nenhum dinheiro... Deus DEU PARA ELE! E ainda veio com um New Civic, aleluiasssss.

- Deus deu a ele? - Jesus olha para o céu... – e eu não tenho nem morada certa...

- É que o senhor não tem fé, por isso tá sem casa, mas vamos lá que o apóstolo vai impor as mãos sobre você para decretar a benção. A benção decretada de acordo com a palavra, Deus tem que ouvir, Ele não é homem para mentir, se tá na bíblia Deus tem que obedecer e fazer, é só decretar como está na palavra. Agora tem quer ter fé e cumprir a campanha direitinho. As coisas acontecem moço. Ôôôôôôôô glóóóóóriaassssss!!!

- É moço... – o colega faminto olha para Jesus – o rapaz tá certo. Fui um tempo na igreja e vi um monte de gente prosperar... ficar rico. Todo culto tinha um testemunho de alguém que fez a campanha e foi abençoado. Carro, casa, bens. Eu mesmo fiz a campanha, mas continuei pobre e pior, vendi o barraco lá no Jardim Ingá para semear e não recebi nada. Sou um homem de pouca fé. Não mereço ser crente... minha mulher me deixou depois que vendi o barraco. O pastor arrumou um homem de Deus para ela. Próspero. – os olhos do homem encheram de lágrimas com a lembrança, ainda doída do fracasso na fé, no relacionamento, na vida.

- Qual o seu nome? – Jesus pergunta para o novo colega.

- É Zaqueu, mas todos me chamam de Pará.

- Ééé, tem que ter fé, senão não funciona. – o jovem se emociona com a história do homem. A única explicação é a falta de fé, a culpa não é de Deus, se Deus não abençoou é porque faltou fé. – Vou indo gente, apareçam no culto depois. Pará, tenha fé... Deus vai restituir 7 vezes mais.

A roda inicial tinha dispersado ficando apenas os 2 que ouviram a “pregação do evangelista”. Jesus passou o braço pelos ombros do Pará e perguntou?

- Vocês estão com fome?

- Pô, nem me fale... véi.

Pará não respondeu e ficou cabisbaixo, perdido em pensamentos.

- E ai Pará, fome? – Jesus pergunta apertando o ombro do Pará.

- Tô não... valeu.

Mesmo com a negativa Jesus enfia a mão em na sua bolsa e retira um marmitex, entregando-o ao Pará.

- Que é isso??? – Pará fica surpreso e antes de continuar a frase Jesus retira outra e entrega ao outro faminto.

- Obrigado! – o cara olha super desconfiado para Jesus que tira um terceiro marmitex:

- Vamos comer enquanto está quente!

- De onde você tirou isso? – Pará não acreditava no que via. O marmitex estava quente...

- O Pai sempre dá o que é necessário. – Jesus finaliza tirando 3 jogos de talheres de sua bolsa.

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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Quem fala através da igreja evangélica?

Me perguntei, e ainda me pergunto, se posso chamar a pluralidade de denominações, culturas, doutrinas que encontramos no Brasil de algo como “igreja evangélica”, que representaria um todo. Não, essa unidade não existe, está claro. Mas digamos que com “igreja evangélica” eu queira me referir a um sistema, uma grande produção e manutenção de discursos acerca da(s) igreja(s) evangélica(s). Estes discursos dizem respeito à verdade – no sentido de Foucault – que orienta, reprime, molda, ajusta os comportamentos e doutrinas evangélicas. Não há unidade e nem coincidência de pensamentos, é óbvio, há o embate, a exclusão, o choque de pensamentos diferentes, e é justamente isso que constitui este grande discurso, de um possível grande sistema da “igreja evangélica”.




Quem é que produz esta verdade? Quem fala através da igreja evangélica?


Estas questões talvez sejam insolúveis mesmo. Mas tudo fica mais fácil se começarmos a pensar não “quem”, mas “como” essa verdade é produzida e mantida, e o “por quê”.


A “verdade” existe para controlar, é ideológica. Serve para a manutenção de um poder. Na verdade de vários poderes, em maior ou menor grau. Poder que é exercido por todos, ou pelo menos por muitos. Exerce esse poder, proporcionado pelo estabelecimento da “verdade”, tanto o pastor, o reverendo, o sacerdote, quanto o leigo que apenas ouve e assimila estes discursos: ao reproduzi-los o leigo torna-se também portador de uma verdade espiritual, portanto diferenciado dos demais seres humanos não-espirituais.


A verdade estabelecida pelo sistema “igreja evangélica” serve para legitimar a hierarquia simbólica entre pessoas: uns mais espirituais, em maior comunhão divina, mais santidade do que outros. Essa verdade é mantida através de comportamentos: as roupas e o isolamento dos crentes (há algumas décadas), a indústria cultural gospel (hoje em dia). A diferenciação é necessária, e ela precisa ser explicitada através do comportamento, para que a verdade possa ser efetivamente bem sucedida na manutenção dos poderes espirituais conferidos diretamente por Deus aos líderes espirituais da humanidade.


Além de masturbar os egos (daqueles que se deixam iludir por um cristianismo das aparências sociais), a verdade também possui um viés econômico-político. Ela é útil porque faz a máquina funcionar, e por isso ela também é mantida. Além disso, é flexível e mutável, porque necessita sempre se ajustar ao sistema capitalista tardio que vivemos. Sem um retorno econômico-político, a verdade deixa de ser interessante, e é substituída por outra mais rentável. É por isso que as doutrinas da igreja – à semelhança de Cristo – nascem, crescem, morrem e são ressuscitadas, assentadas à direita de Deus Pai, para serem novamente descartadas e substituídas. Quem se beneficia da manutenção da verdade pela “igreja evangélica”? Muitos, e não somente líderes religiosos, mas também pessoas que nem sequer possuem vínculo com a igreja (mas possuem vínculo com quem lidera a igreja). Não são poucos os políticos não-evangélicos que são apoiados pela igreja evangélica, por associação ou afinidade com as lideranças religiosas. Claro, tudo feito em nome de Jesus e para a glória do Senhor.


A verdade gera mercado, gera cantores que cantam a verdade, músicos que tocam a verdade, poetas que declamam a verdade, apresentadores de tv que apresentam a verdade, grifes de roupa que vestem a verdade e por aí vai. A verdade é produzida e circula, nas rádios, nas televisões, nos púlpitos, nas estampas de camisetas, nos blogs, no comportamento das pessoas. Ela circula para se manter, sobrevive enquanto puder circular, e se modifica para não se tornar obsoleta.


O mais importante, e talvez mais controverso, ponto de referência da produção desse discurso – do sistema “igreja evangélica” – é a Bíblia, até mais do que o próprio Jesus Cristo. Mais do que a própria Palavra Viva, do que o próprio Verbo, porque a Bíblia é um registro, um documento, é estática, estanque, palavra que mata, espírito que vivifica. Ela pode ser torcida, tingida ideologicamente, manipulada, tudo com o respaldo divino, já que está tudo impresso, tinta no papel, palavras que o vento não leva. Ela é a base padrão, à qual sempre se recorre quando se quer produzir e manter um discurso oficial, verdadeiro, da igreja.


Quem produz essa verdade? Como a produz? Por que a produz? Como a mantém?


Perguntas complexas e respostas inatingíveis.


Mas existe outra verdade, aquela que é também o caminho e a vida; a verdade que verdadeiramente liberta; que não pode ser ensinada, mas deve ser vivida; verdade que não constitui poder e autoridade, senão a autoridade de tomar sua cruz e o poder de renunciar a própria vida; verdade que não serve para dominar, mas para romper grilhões. Essa verdade é Jesus Cristo, e creio que não é ele quem fala através da igreja evangélica.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Enquanto isso, na sabedoria religiosa...